A sustentabilidade é um assunto que vem sendo cada vez mais discutido ao longo dos anos. Com uma crescente demanda do mercado e uma disponibilidade de ingredientes comprometida, desenvolver fontes de produtos com um impacto menor para o meio ambiente se faz necessário, especialmente na indústria de cosméticos.
Diante disso, temos o que chamamos de biocosméticos, uma nova classe de produtos desenvolvidos com ativos naturais e ecologicamente mais responsáveis, adentrando o mundo da sustentabilidade.
O que são biocosméticos?
Um biocosmético é, de maneira geral, um produto cosmético com características sustentáveis, especialmente na sua formulação, substituindo ingredientes fósseis convencionais por ingredientes naturais, seguros e eficazes. As fórmulas também costumam evitar o uso de parabenos e sulfatos, além de utilizar compostos orgânicos (livres depesticidas e fertilizantes químicos). É importante ressaltar que estas são características comuns aos biocosméticos, mas não obrigatórias.
Nesse contexto, outra característica comum aos cosméticos sustentáveis é a não testagem em animais. O bem-estar animal está diretamente ligado ao conceito de sustentabilidade, logo, utilizar modelos de testagem alternativos, como métodos in vitro e modelagem computacional, permitem garantir a segurança do produto sem que nenhum animal seja ferido no processo.
Redução do uso de água
Cosméticos tradicionais utilizam a água como um dos ingredientes de maior abundância em sua formulação, especialmente para a diluição dos ativos da fórmula, o shampoo, por exemplo, emprega de 35 a 70% de água em sua composição, enquanto um gel de limpeza pode utilizar de 40 a 90%. O uso elevado do solvente na fórmula resulta em uma grande pegada hídrica.
Mediante o exposto, uma alternativa proposta pelos cosméticos sustentáveis é a mudança no veículo do produto, deixando de ser um gel ou creme e assumindo a forma de sólido, conhecido popularmente como produto em barra. Essa alteração permite que o uso da água seja reduzido, uma vez que compostos sólidos apresentam uma quantidade consideravelmente menor do solvente em sua formulação.
As embalagens também são importantes
Outro fator relevante quando pensamos na sustentabilidade dentro da indústria cosmética é o uso de plásticos, o qual tem sido questionado. Com embalagens rígidas e numerosas, o uso de polímeros sintéticos é muito comum e representa um risco para o meio ambiente. Além disso, microplásticos já estão sendo encontrados em tecidos humanos, trazendo também um risco para a saúde.
Tendo isso em vista, a substituição das embalagens vem sendo encorajada, com a busca de alternativas. Um exemplo disso é o uso do PLA como solução biodegradável para plástico convencional à base de petróleo, o qual é produzido através da fermentação de açúcares (amido, beterraba e milho). Outra opção é o uso de embalagens de papel e papelão, que apresentam custos menores em relação aos plásticos biodegradáveis
Além de uma tendência de mercado
Por fim, é importante ressaltar que a substituição de cosméticos tradicionais por opções mais sustentáveis vai além de uma tendência econômica, garantindo um consumo mais responsável para os compradores e dando mais ênfase à necessidade de adaptação da indústria com as demandas do meio ambiente.
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Fernanda Madeo é estudante de graduação na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) e ingressou como assessora de Gente e Gestão na Farma Júnior em 2025.
Referências
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SAMPAIO ALVES, Sebastião. Desenvolvimento e caracterização de produtos cosméticos com ativos naturais. 2009. 202 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) — Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3147/tde-05082009-115605/ publico/Dissertacao_PHD_Sebastiao_Sampaio_Alves_15JUN2009.pdf. Acesso em: 28 abr. 2025.
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