O que são canabinoides e quais os seus efeitos?

Popularmente conhecida como maconha ou marijuana, a Cannabis é na verdade um gênero de plantas, difuso na sociedade por milênios. Esse gênero apresenta três espécies: Cannabis sativa, Cannabis indica e Cannabis ruderalis, sendo as duas primeiras as mais conhecidas. Entretanto, a Cannabis sativa é a maior fonte de estudo quando o assunto é o uso terapêutico, conhecida como uma planta medicinal. Mas então, o que são os tão conhecidos canabinoides?

Os canabinoides são os compostos químicos encontrados e extraídos da Cannabis e que podem interagir com o organismo. O CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol) são os dois compostos mais estudados dentre os mais de cem canabinoides presentes nas plantas do gênero cannabis. Eles apresentam estrutura molecular similar, no entanto, devido a uma alteração na estrutura atômica, têm propriedades ativas bem diferentes.

Quais os seus efeitos?

Presente na Cannabis sativa, o CBD (canabidiol) apresenta propriedades medicinais muito interessantes como: ação analgésica, anti-inflamatória, antioxidante, antidepressiva, anticonvulsiva, dentre outras.

Já o THC (tetrahidrocanabinol) é o responsável pela ação psicoativa, provocando euforia e relaxamento. Para além desses efeitos, o THC é foco de estudos por suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, sedativas, de estímulo ao apetite e antidepressivas.

Nas últimas décadas, grandes universidades e pesquisadores realizaram pesquisas sólidas para combater o preconceito por trás do uso medicinal dos canabinoides. Em 2022, a Universidade de Campinas (UNICAMP) teve um estudo publicado pela revista European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, em que afirma que os canabinoides têm potencial para serem usados no tratamento de determinadas doenças neurológicas.

Canabinoides no Brasil

Apesar dos avanços científicos das últimas décadas, ainda há grande estigma em torno da Cannabis, associado ao seu uso recreativo e ao tráfico de drogas. Sobretudo, o plantio de plantas do gênero Cannabis no Brasil é feito de forma muito restrita, com autorizações para fins de pesquisa e de fabricação de medicamentos fornecidos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Em 2019, o Instituto de Pesquisa DataSenado realizou uma pesquisa de opinião sobre a legalização do uso medicinal da Cannabis. Cerca de 87% dos entrevistados afirmaram saber que substâncias da Cannabis têm utilidade em medicamentos para tratar doenças. Nesse sentido, 90% afirmaram que deve haver fiscalização do plantio pelas autoridades responsáveis, e 75% apoiam a produção de medicamentos à base da planta no Brasil.

Há quase uma decada, o tema da descriminalização do plantio e uso da maconha vem sendo debatido pelo Supremo Tribunal Federal, sempre cercado de polêmicas.

Uso dos canabinoides pelo SUS

O fornecimento de medicamentos à base de cannabis, especialmente os compostos por CBD (canabidiol), está autorizado pela ANVISA desde 2019. Assim, é preciso uma validação especial por parte do médico responsável, com a apresentação de dados que demonstrem que o paciente necessita daquele medicamento em especial e que não existem outras opções viáveis. Além disso, é preciso comprovar incapacidade financeira para custear o medicamento por conta própria.

Mas o panorama está mudando. Em dezembro de 2023, o Governo de São Paulo regulamentou a lei que permite a distribuição de medicamentos à base de cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o estado. Do mesmo modo, os pacientes que usam a cannabis medicinal no tratamento de doenças poderão ter acesso aos medicamentos de forma gratuita, independente da renda e seguindo os protocolos estabelecidos como: receita especial, acompanhamento periódico e distribuição em farmácias especializadas no estado.

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João Paulo Santos